sexta-feira, 6 de junho de 2008

27 de junho - centenário de João Guimarães Rosa



Em Cordisburgo, pequena cidade no interior de Minas Gerais, nascia, a 27 de junho de 1908, João Guimarães Rosa.
Joãozito, como era chamado, aos sete anos de idade estudava francês sozinho. Mas será que o menino prodigioso já imaginava que seria médico, escritor e diplomata quando crescesse?
Pois o menino Joãozito virou o que se pode chamar de gente grande de verdade. Dono de uma escrita singular, Guimarães Rosa eternizou o sertão de Minas Gerais em sua obra literária. Sagarana, seu livro de contos, registra regionalismos nunca antes vistos na literatura nacional.
Este mês, o escritor que se tornou conhecido mundialmente por suas inovações linguísticas e seu mundo ficcional, recebe homenagem da Academia Brasileira de Letras, para a qual foi nomeado em 1967, falecendo três dias depois de proferir seu discurso de posse, no qual disse essas palavras: "...a gente morre é para provar que viveu."


Referência: http://www.releituras.com/guimarosa_bio.asp

ABL recebe com entusiasmo aprovação do Acordo Ortográfico

Em sessão plenária no dia 16/5, a Assembléia do Parlamento de Portugal aprovou o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Nos próximos dias, o texto -já com as novas normas -irá à publicação no Diário da República (Diário Oficial) e depois para a sanção do presidente da República.

A notícia alegrou a Academia Brasileira de Letras. Desde os anos 70, por iniciativa do filólogo Antonio Houaiss, a Casa já trabalha nesse Acordo. O acadêmico Cícero Sandroni, presidente da instituição, destacou a importância da aprovação para a Língua Portuguesa:

- A Academia encara essa aprovação como um marco histórico. Inscreve-se, finalmente, a Língua Portuguesa no rol daquelas que conseguiram beneficiar-se há mais tempo da unificação de seu sistema de grafar, numa demonstração de consciência da política do idioma e de maturidade na defesa, difusão e ilustração da língua da Lusofonia.

O gramático Evanildo Bechara, diretor da ABL e responsável pelo Setor de Lexicologia e Lexicografia, saudou a aprovação do Acordo. Para o imortal, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa demonstrou um alto grau de maturidade política.

Presidente da Casa em 2006 e 2007, Marcos Vinicios Vilaça concorda com Bechara. “Portugal acaba de dar prova de grande maturidade e modernidade. A simplificação e unificação ortográfica trarão inúmeros benefícios para a comunidade lusófona. A simplificação do emprego do idioma vai possibilitar o incremento das relações culturais entre nós”. A gestão de Vilaça acelerou o processo de aprovação do Acordo.

Fonte: http://www.academia.org.br/

terça-feira, 3 de junho de 2008

28 de maio - aniversário do blog!


No último dia 28 de maio, o Viva a Língua comemorou seu primeiro aniversário no ar.
Em homenagem à data - tão especial para mim -, publico hoje um soneto lindíssimo do meu poetinha querido, Vinicius de Moraes.


Soneto de aniversário

Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.

Faça-se a carne mais envilecida
Diminuam os bens, cresçam os danos
Vença o ideal de andar caminhos planos
Melhor que levar tudo de vencida.

Queira-se antes ventura que aventura
À medida que a têmpora embranquece
E fica tenra a fibra que era dura.

E eu te direi: amiga minha, esquece....
Que grande é este amor meu de criatura
Que vê envelhecer e não envelhece.

Rio de Janeiro, 1942

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Palavreado

Luis Fernando Veríssimo

Gosto da palavra “fornida”. É uma palavra que diz tudo o que quer dizer. Se você lê que uma mulher é “bem fornida”, sabe exatamente como ela é. Não gorda mas cheia, roliça, carnuda. E quente. Talvez seja a semelhança com “forno”. Talvez seja apenas o tipo de mente que eu tenho.

Não posso ver a palavra “lascívia” sem pensar numa mulher, não fornida mas magra e comprida. Lascívia, imperatriz de Cântaro, filha de Pundonor. Imagino-a atraindo todos os jovens do reino para a cama real, decapitando os incapazes pelo fracasso e os capazes pela ousadia.

Um dia chega a Cântaro um jovem trovador, Lipídio de Albornoz. Ele cruza a Ponte de Safena e entra na cidade montado no seu cavalo Escarcéu. Avista uma mulher vestindo uma bandalheira preta que lhe lança um olhar cheio de betume e cabriolé. Segue-a através dos becos de Cântaro até um sumário - uma espécie de jardim enclausurado -, onde ela deixa cair a bandalheira. É Lascívia. Ela sobe por um escrutínio, pequena escada estreita, e desaparece por uma porciúncula. Lipídio a segue. Vê-se num longo conluio que leva a uma prótese entreaberta. Ele entra. Lascívia está sentada num trunfo em frente ao seu pinochet, penteando-se. Lipídio, que sempre carrega consigo um fanfarrão (instrumento primitivo de sete cordas), começa a cantar uma balada. Lascívia bate palmas e chama:

- Cisterna! Vanglória!

São suas escravas que vêm prepará-la para os ritos do amor. Lipídio desfaz-se de suas roupas - o sátrapa, o lúmpen, os dois fátuos - até ficar só de reles. Dirige-se para a cama cantando uma antiga minarete. Lascívia diz:

- Cala-te, sândalo. Quero sentir o seu vespúcio junto ao meu passe-partout.

Atrás de uma cortina, Muxoxo, o algoz, prepara seu longo cadastro para cortar a cabeça do trovador.

A história só não acaba mal porque o cavalo de Lipídio, Escarcéu, espia pela janela na hora em que Muxoxo vai decapitar seu dono, no momento entregue aos sassafrás, e dá o alarme. Lipídio pula da cama, veste seu reles rapidamente e sai pela janela, onde Escarcéu o espera.

Lascívia manda levantarem a Ponte de Safena, mas tarde demais. Lipídio e Escarcéu já galopam por motins e valiums, longe da vingança de Lascívia.

*

“Falácia” é um animal multiforme que nunca está onde parece estar. Um dia um viajante chamado Pseudônimo (não é o seu verdadeiro nome) chega à casa de um criador de falácias, Otorrino. Comenta que os negócios de Otorrino devem estar indo muito bem, pois seus campos estão cheios de falácias. Mas Otorrino não parece muito contente. Lamenta-se:

- As falácias nunca estão onde parecem estar. Se elas parecem estar no meu campo é porque estão em outro lugar.

E chora:

- Todos os dias, de manhã, eu e minha mulher, Bazófia, saímos pelos campos a contar falácias. E cada dia há mais falácias no meu campo. Quer dizer, cada dia eu acordo mais pobre, pois são mais falácias que eu não tenho.

- Lhe faço uma proposta - disse Pseudônimo. - Compro todas as falácias do seu campo e pago um pinote por cada uma.

- Um pinote por cada uma? - disse Otorrino, mal conseguindo disfarçar o seu entusiasmo. - Eu devo não ter umas cinco mil falácias.

- Pois pago cinco mil pinotes e levo todas as falácias que você não tem.

- Feito.

Otorrino e Bazófia arrebanharam as cinco mil falácias para Pseudônimo. Este abre o seu comichão e começa a tirar pinotes invisíveis e colocá-los na palma da mão estendida de Otorrino.

- Não estou entendendo - diz Otorrino. - Onde estão os pinotes?

- Os pinotes são como as falácias - explica Pseudônimo. - Nunca estão onde parecem estar. Você está vendo algum pinote na sua mão?

- Nenhum.

- É sinal de que eles estão aí. Não deixe cair.

E Pseudônimo seguiu viagem com cinco mil falácias, que vendeu para um frigorífico inglês, o Filho and Sons. Otorrino acordou no outro dia e olhou com satisfação para o seu campo vazio. Abriu o besunto, uma espécie de cofre, e olhou os pinotes que pareciam não estar ali!

Na cozinha, Bazófia botava veneno no seu pirão.

*

“Lorota”, para mim, é uma manicura gorda. É explorada pelo namorado, Falcatrua. Vivem juntos num pitéu, um apartamento pequeno. Um dia batem na porta. É Martelo, o inspetor italiano.

- Dove está il tuo megano?

- Meu quê?

- Il fistulado del tuo matagoso umbráculo.

- O Falcatrua? Está trabalhando.

- Sei. Com sua tragada de perônios. Magarefe, Barroco, Cantochão e Acepipe. Conheço bem o quintal. São uns melindres de marca maior.

- Que foi que o Falcatrua fez?

- Está vendendo falácia inglesa enlatada.

- E daí?

- Daí que dentro da lata não tem nada. Parco manolo!

segunda-feira, 31 de março de 2008

Você sabe o que é tautologia?

É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido.
O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:
- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exata
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com
- expressamente proibido
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- propriedade característica
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito

Note que todas essas repetições são dispensáveis.
Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não.
Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia.
Verifique se não está caindo nesta armadilha.
Gostou?
Repasse para os amigos amantes da língua.

domingo, 16 de março de 2008

14 de março, Dia da Poesia.

No último dia 14 de março comemorou-se o Dia da Poesia.
Para homenagear a todos os poetas do Brasil e do mundo, deixo aqui
um poema e uma esperança: a de que todos leiam poesia, vivam poesia e vejam a poesia nas pequenas coisas da vida.
Beijos.

Os poemas
Mario Quintana


Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

sábado, 8 de março de 2008

Feliz Dia Internacional da Mulher!



Upload feito originalmente por andreguiu- Flickr.

Estamos de volta!


Olá, queridos leitores deste humilde blog. É o primeiro post do ano e não poderia me furtar a esse fenômeno de audiência que é o BBB 8, com sua grande contribuição para o emburrecimento das gentes! Pra quem discorde desta afirmação, recomendo "dar uma espiada" no que a Gyselle escreveu em seu blog, agradecendo ao público por não tê-la excluído da disputa milionária. Se ela leva 1 milhão eu não sei, mas se a disputa fosse pra saber quem comete mais erros de português, aí eu arriscava um palpite - e até uma torcida. Gyselle, Gyselle, Gyselle!!

"oi gente1 eu queria agradecer mas uma vez..obrigada,obrigada,obrigada,obrigada!!2eu queria explicar p vcs minha discurcao com dr marcelo,mas eu naO VOU TOCAR MAS NESSE ASSUSTU NAO ME INTERRESSA,FICAR REMUENDO COISAS SEM VALOR,ENTAO MARCELO PARA MIM HOJE UMA PESSOA MAL,VINGATIVA,QUE ARRUMA PRETESTOS PARA QUE AS PESSOA FIQUEM CONTRA ELE,SE PESSOA VESTE AZUL OU BRANCO O QUE QUE ME ENTERRESSA,"