terça-feira, 17 de março de 2009

Call-center do Idioma


Acabo de descobrir que a cidade de Fortaleza mantém, há quase trinta anos, um serviço de atendimento que tira dúvidas sobre a língua portuguesa - em menor número, sobre o espanhol e o inglês, também. Trata-se do Plantão Gramatical, cuja equipe conta com oito professores, que se valem da internet, da gramática e dos dicionários Houaiss e Aurélio para responderem prontamente aos interlocutores do outro lado da linha.

Desde a entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico, a rotina neste call-center linguístico (sem trema) mudou. Não que o serviço fosse pouco utilizado antes, mas só para se ter uma ideia (sem acento), em um só dia foram registrados 107 atendimentos (metade das ocorrências naquela data) sobre adivinhem o quê. Quem respondeu "hífen", acertou.

Ele mesmo, o hífen, parece ser o maior responsável pela dor de cabeça de muita gente desde que a nova ortografia foi aprovada. Caso do Bruno, que recentemente chegou a telefonar para a Academia Brasileira de Letras, em função de uma dúvida sobre a grafia da palavra ar-condicionado (com ou sem hífen?), ouvindo do atendente, em tom um tanto ríspido, que "sim, claro que o hífen, neste caso, se mantém - nada mudou".

O fato deu origem a um texto bem-humorado (com hífen), que virou postagem no seu blog. A postagem gerou um comentário meu, e este acabou virando postagem nos dois blogs. Quem tiver dúvidas quanto ao emprego correto do hífen e não estiver disposto a telefonar para a ABL nem fazer um interurbano (sem hífen) para Fortaleza, pode se divertir com a historinha do super-homem (com hífen) e, de quebra, aprender as novas regras deste que tem sido chamado, por alguns, de o maior vilão da reforma ortográfica.

Fiquei feliz por saber da existência de um serviço como este em algum lugar do Brasil. Podiam instalar um Plantão Nacional 0800, o que acham? Será que isso vira uma campanha?
Pode ser...

Consulta: Revista Piauí - nº 30.

Telefone do Plantão: (85) 3225-1979

domingo, 15 de março de 2009

Um ótimo dia para se visitar a ABL


"Evanildo Bechara encerra Ciclo de Conferências na ABL sobre o Acordo Ortográfico
Na próxima terça-feira, dia 17 de março, às 17h e 30min, no Teatro R. Magalhães Jr., A Academia Brasileira de Letras encerra seu 1º Ciclo de Conferências , "O Acordo Ortográfico", com conferência do Acadêmico Evanildo Bechara.
O Professor Evanildo Bechara discorrerá sobre "O novo Acordo Ortográfico e a elaboração do VOLP". O ciclo iniciou-se na última terça-feira, 10 de março, com a conferência do Acadêmico Domício Proença Filho, “A história da ortografia e a ABL” .
A conferência terá entrada franca e será transmitida ao vivo pelo Portal da ABL."



Fonte: portal da Academia Brasileira de Letras.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Reforma Ortográfica: Hífen

Todo o mundo já ficou sabendo: agora é oficial. O Novo Acordo Ortográfico entre países de Língua Portuguesa já entrou em vigor no Brasil. E para você não fazer feio, o Viva o ajuda a entender o que mudou. Hoje, o assunto é hífen. Quais as novas regras para o seu uso?
Divirta-se com a história do Super-homem e salve o planeta dos absurdos cometidos contra o hífen.

Reforma Ortográfica – hífen
Quando usar e quando não usar o hífen

• Obrigatório quando prefixo está diante de uma palavra iniciada pela letra H, não importando a letra que termine o prefixo:

“O SUPER-HOMEM é muito ANTI-HIGIÊNICO: nem toma banho antes de trocar a roupa pelo uniforme com o qual pratica seus atos SOBRE-HUMANOS!”

• Nunca quando o prefixo termina em vogal diferente do segundo elemento, se este também começar com uma vogal:

“Tal comportamento de nosso herói é muito ANTIEDUCATIVO!”

• Se no caso acima o prefixo for CO e o segundo termo começar com O, o hífen cai assim mesmo, nos dando como resultado COOalgumacoisa:

“Se ele ao menos usasse perfume, eu até poderia COOPERAR nas missões.”

• Nunca quando o prefixo termina com vogal e o segundo elemento começa com consoante, desde que não sejam R nem S:

“Está certo que tudo pode não passar de uma tática de AUTOPROTEÇÃO: fedido, quem vai ousar chegar perto dele?”


• Se o prefixo termina em vogal e o segundo termo for iniciado por S ou R basta suprimirmos o hífen e repetirmos o R ou S (o que for adequado ao caso):

“Se bem que, para mim, isso é coisa de gente ANTISSOCIAL, que se acha ULTRARRESISTENTE. Bom, ele até pode ser, mas tem a criptonita...”

• Caso o prefixo termine com a mesma vogal que inicia o segundo termo o hífen continua, desde que se guarde a exceção COO, já comentada acima:

“Acho que ele deveria praticar um pouco de AUTO-OBSERVAÇÃO. Na certa, iria perceber que CONTRA-ATACAR os inimigos não requer deixar de lado os hábitos mais elementares de higiene.”

• Sempre se o prefixo tiver como última letra a mesma consoante que inicia o segundo termo:

“Está na cara que ele não é SUPER-ROMÂNTICO!”

• Nunca se o prefixo terminar em uma consoante diferente da que inicia o segundo termo:

“Mas ninguém pode negar que seja SUPERPROTETOR.”

• Contrariando a regra acima, sempre que o prefixo for SUB e o segundo termo começar com a letra R, o hífen fica onde sempre esteve:

“Deve ser porque ele acha que pertencemos a uma SUB-RAÇA e que necessitamos de sua proteção incondicional.”

• Novamente contrariando a regra, se o prefixo for CIRCUM ou PAN e o segundo termo começar com M ou N também colocaremos o hífen:

“Ouvi dizer que ele é perito em CIRCUM-NAVEGAÇÃO ao redor da Terra. Quando cansa de voar, nosso herói navega...”

• Sempre que o segundo termo começar com uma vogal e o prefixo for CIRCUM ou PAN o hífen deve separá-los:

“No PAN-AMERICANO ocorrido no Brasil, acho que o vi voando pelos ares, zelando pra que nada saísse errado.”

• Nunca se o prefixo terminar em consoante e o segundo termo começar com uma vogal:

“E ele faz tudo isso por ser SUPEREXIGENTE consigo mesmo.”

• Os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró sempre são sucedidos por um hífen:

“Mas tem uma coisa capaz de mandá-lo para ALÉM-TÚMULO, uma coisa que apenas mencionamos antes: criptonita.”

• Deve-se usar o hífen com todos os prefixos de origem tupi-guarani (caso a origem seja em algum outro tronco linguístico dos povos pré-cabralinos, ligue para a Academia Brasileira de Letras).

“Só existe uma planta capaz de neutralizar os seus efeitos no corpo de nosso herói: o CAPIM-AÇU.”


• Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares:

“Para encontrar essa iguaria, somente cruzando a ponte RIO-NITERÓI.”

• No caso das palavras que perderam a noção de composição o hífen não deve ser usado:

“Ou ele pode sobrevoar o país e descer de PARAQUEDAS quando chegar.”

• Caso sua composição não caiba em uma linha e você precise passar para outra justamente na hora em que for usar uma combinação com hífen, deve-se colocar o traço que separa as palavras no final da linha. Na próxima linha, o hífen será colocado para manter a clareza gráfica:

“E é aqui que nossa história termina, pois neste exato momento, CONTA-
-SE que ele foi viajar, certamente atrás da planta que pode curá-lo.”
Este texto foi feito em parceria com Bruno, do Então Sebastião.